Nessa nova abordagem do cavaleiro das trevas, Batman está atuando a dois anos como vigilante em uma Gotham City afundada em crimes e corrupção, indignado com o fato de mesmo lutando todas as noites a situação da cidade não melhorar, Bruce Wayne começa a se questionar sobre os métodos que tem usado e como pode ser mais eficiente, mas antes que chegue em uma resposta ele é obrigado a lidar com um criminoso misterioso auto denominado Charada, que não só assassina a suas vítimas de maneira sádica mas cria enigmas em cada cena do crime.
The Batman foi uma experiência muito satisfatória, eu já esperava um grande filme vindo de Matt Reeves que até então nunca havia me decepcionado com seus trabalhos, mas quando finalmente pude ver sua abordagem do clássico herói na tela eu não poderia ter ficado mais contente com o caminho que ele decidiu seguir.
Na Gotham desse universo o diretor decidiu colocar todas as coisas terríveis que abalam os cidadãos em uma escala ainda maior, a cidade é suja, feia, um lugar terrível para se viver e mais difícil ainda para fugir dela, tanto sua estética quanto a sua arquitetura representam muito bem toda a corrupção, segregação de classes e número alto de crimes. Com o passar do filme a cidade fica cada vez mais bizarra, por exemplo, mesmo de dia com o sol mais forte nos céus, tudo é escuro, sem vida. E não existe uma noite onde não chova em Gotham, cada vez mais forte, trazendo uma melancolia tanto para quem ali vive quanto para os telespectadores, não houve um momento em que eu não tenha sentido pena por todos os cidadãos da cidade.
E falando em melancolia eu emendo a composição de Michael Giacchino, o compositor teve um trabalho difícil ao ser chamado para a trilha do longa, afinal como competir com os temas anteriores que fizeram do personagem algo tão icônico que apenas de escutá-los conseguimos sentir sua presença? A resposta que Michael deu para esse desafio foi a seguinte, ao meu ver ele claramente se inspirou na Marcha Fúnebre composta por Frédéric Chopin, Michael cria um tema não só para o vigilante como para toda a Gotham, variando o tom do seu tema de acordo com a situação, gerando assim uma sensação intencional de tristeza e estresse que te acompanha durante o filme inteiro, o que se encaixa muito bem com a escalada que o filme dá, se tornando cada vez mais caótico e sem esperança.
Não é novidade para ninguém que acompanhe cinema com mais profundidade que a anos Robert se tornou um ator esplêndido, afinal depois de ficar rico e famoso com o final da saga Twilight o ator tomou a liberdade de pegar papéis cada vez mais difíceis, tanto para se desafiar quanto para fazer o que sempre quis, viver o cinema. Mas é claro que para o público casual a imagem do vampiro Edward ainda era muito forte, mas devo dizer que Pattinson foi monstruoso em sua encarnação de Batman, o personagem além de sinistro e brutal, tem uma presença forte em tela. É notório que ele foi criado para ser esquisito, afinal não deveria ser normal para ninguém ter um homem fantasiado investigando as cenas de um crime ou batendo em criminosos na rua, é como se a todo momento mesmo em cenas épicas que costumamos saltar da cadeira, ele sempre aparenta estar fora do lugar, sempre sendo alvo de curiosidade, desconfiança e temor, que é a maior arma do Batman para lutar contra o crime.
O vigilante que Matt Reeves criou é sensacional, com todas as suas emoções a flor da pele por conta de seus traumas passados e o estresse de não estar fazendo a diferença que queria em Gotham, esse Batman se torna violento, tanto no seu estilo de luta quanto na maneira que lida com as situações mais delicadas. Ele não evita ser atingido pelos inimigos, muito pelo contrário ele sempre vai para cima do maior número de oponentes possível, terminando-os com o menor número de golpes que puder dar e propositalmente machucando-os com a esperança de que aquilo gere um medo que os façam desistir de desacatar a lei de novo.
Toda essa violência não está em tela à toa, esse Bruce Wayne é o mais amargurado e ranzinza que tivemos em tela até então, mergulhar de cabeça nesse mundo pode parecer ser a superação de seus medos, mas na verdade é apenas uma forma de fugir deles, enchendo seu corpo e o dos outros de feridas que no final não levam a resultado algum, as vezes sendo até pior que isso, apenas violência por violência.
Falando em Bruce Wayne, e ressalto aqui que são poucas as vezes em que vemos o personagem sem o uniforme, Pattinson entrega um homem completamente antissocial, Bruce está tão focado em sua missão de mudar a cidade que ele não se reconhece mais como um ser humano comum, estar acordado de dia para ele é um incômodo, conversar com pessoas é inviável já que mal consegue se expressar em conversas casuais, é triste olhar para Wayne já que mesmo o seu amigo mais fiel Alfred, não consegue alcançar aquele que deveria ser seu protegido e responsabilidade máxima.
Solid_Mateus
Mateus, amante de Cinema Alternativo, Filme B, Exploitation, e o maioir defensor de diretores odiados pela crítica especializada. Nas horas vagas sou Otaku, mas isso é segredo.
Cargo: Escritor
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