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Essência do MMORPG | Douluo Dalu (Soul Land) | Review

Tang San dedicou sua vida à criação e ao domínio das armas ocultas. Ele roubou a sabedoria secreta da Seita Tang para alcançar o pináculo de sua arte, mas sua única saída era a morte. Mas depois de se jogar de um abismo mortal, ele renasceu em um mundo diferente, um mundo chamado Douluo Dalu, um mundo onde cada pessoa tem um espírito próprio, e aqueles com espíritos poderosos podem praticar seu poder espiritual para se levantar e tornarem Mestres dos Espíritos. O espírito que desperta dentro de Tang San é a Grama Azul Prateada, um espírito inútil e o Martelo Céu Claro, a ferramenta de espirito mais forte. Ele poderá superar as dificuldades para chegar até o alto escalão dos Mestres de Espírito e trazer a glória da Seita Tang para este novo mundo?

Direção: Leping Shen

Studio: Sparkly Key Animation Studio

Quantidade de episódios: 26

Temporada: Inverno 2018

Douluo Dalu faz escolhas formais que buscam uma relação direta com jogos de MMORPG.

Toda a encenação tem esse aspecto meio fascinante pela magia do seu universo. Às cenas são todas muito carregadas: tem muitos filtros, detalhes, coisas se movimentando. Sempre há elementos muito prazerosos em destaque. Quase tudo é espetacularmente lindo e detalhado. Faz diversos planos que permitem que o espectador contemple toda essa beleza. É um anime feito inteiramente em 3D, e ele usa muito bem esse estilo de animação para mergulhar o espectador em todo esse fascínio técnico, apesar de não ser perfeito em todos os momento.

 

Às cenas de ação são dividias em dois pontos muito específicos que irei falar. Um que eu gosto mais e outro que eu detesto.

O que eu gosto mais é esse que faz jus a toda essa relação visual de contemplação.

Quando os personagens estão prestes a ativar algum poder em especifico, o anime sempre dá uma perspectiva muito ampla do que está acontecendo (animação 1). Quando ele usa os cenários com esse tom de descoberta, também é muito gratificante (animação 2). É uma forma muito assumida de encarar esse técnica. Pra resumir, lembram um pouco cutscenes de jogos.

animação 1

animação 2

O que eu mais gostei, foram alguns planos muito expressivos, de quando o anime aproxima para mostrar algum gesto mais evidente. (animação 3). No primeiro episódio na cena da perseguição, o anime mostra bem de perto o personagem do Tang San fazendo alguns gestos com a mão ao realizar um encantamento. À dinâmica das cenas muitas vezes surge dessa agilidade da câmera em relação ao que acontece em volta, e a expressividade em evidenciar esses detalhes menores.

animação 3

É importante lembrar que essa relação mais contemplativa, continua e visual dos acontecimentos reforça muito bem essa ideia de jogos MMORPG que o anime tenta passar. Essa relação conversa muito bem com esse imaginário gamer do espectador. Mas, ao invés de uma perspectiva pessoal, é uma perspectiva mais panorâmica dos acontecimentos.

Durante grande parte do anime, os personagens recebem missões, objetivos, participam de eventos. Eles têm até aquele background bem básico em games do tipo, onde um personagem ao alcançar um nível, pode usar algum encantamento, arma ou habilidade diferente.

 

Por outro lado, tem um problema muito grave que tira o espectador dessa perspectiva mais contemplativa com essa experiência de jogo, que é quando o anime corta demais esses planos de ação. Em quase todas às lutas, o anime usa uma montagem mais frenética, fazendo vários cortes de uma mesma cena. E porque isso é um problema aqui?

Como eu expliquei nos parágrafos anteriores, Douluo Dalu é uma obra com cenas muito carregadas visualmente. Se por um lado isso é bom quando o anime deixa o espectador em uma única perspectiva para contemplar esses momentos, evidenciar algum detalhe ou cenário, por outro, o espectador não consegue processar essas mesmas cenas quando são cortadas muito rápido. São muitos detalhes para prestar atenção de uma só vez. Ao invés dessa montagem mais frenética levar o espectador junto da ação, na realidade ela acaba confundindo um pouco.

O problema aqui está no conflito entre essas duas abordagens.

Por usar essa animação 3D, mais detalhada, onde os personagens tem uma relação mais orgânica, e até uma movimentação mais humana do que em um anime 2D convencional, algumas coisas não funcionam na forma comportamental. Quando os personagens tentam agir de forma mais cartunesca ou gritante, acaba soando meio esquisito. Isso parece ter uma inspiração direta de uma animação 2D mais humorística, e que nesse molde 3D, não soa tão natural.


Eu ainda acho que as escolhas que funcionam em Douluo Dalu se sobressaem sobre esses problemas. É uma experiência muito nova, bem diferente do que estamos habituados em animações japonesas, mesmo aquelas que também são feitas em 3D. Eu acho um bom anime para começar a entrar no universo dos Donghuas, principalmente desses que são 3D.




Henrique Neves é fundador, administrador e escritor do site Casa dos ReviewersFormado na faculdade de Jogos Digitais da Universidade Nove de Julho e estudante ativo (autônomo) de linguagem cinematográfica e animação.

Cargo: Administrador/Escritor

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