Looking For Anything Specific?

" />

The Psychology of Dream Analysis | Review

 



Direção e Roteiro: Rian Johnson


Cinematografia: Steve Yedlin


Atuação: Danielle Tadei, Craig Stark e Angela Bettis Já assistiram algo que colocou vocês em um lugar para além da realidade? Algum filme ou série que fez você divagar por meses a respeito de assuntos que não trazem uma resposta absoluta? É mais do que contar uma boa história, mais do que atuações perfeitas, mas o ato mais puro que a arte pode entregar para o ser humano, que eu acredito ser refletir em meditação.

Eu creio que todas as pessoas que consumam a sétima arte já puderam apreciar algumas obras desse calibre, e uma que me tocou recentemente foi o curta metragem The Psychology of Dream Analysis (que eu chamarei de P.D.A.) dirigido por Rian Johnson, e filmado por Steve Yedlin, anos antes de A Ponta de um Crime e Entre Facas e Segredos, esses homens já mostravam ter uma mente brilhante.

O filme acompanha Lillian, uma jovem comum que passou a se interessar nas análises psicológicas a respeito dos sonhos e o que eles podem significar ou dizer a nosso respeito, com o assunto preso em sua mente a protagonista começa a sonhar cada vez mais ao passar das noites, mas diferente do comum ela percebe que nunca é ela mesma em seus sonhos, nem mesmo uma observadora ou personagem de sua história, ela é sempre outra pessoa, como se estivesse vivendo o sonho de alheios.

As coisas ficam ainda mais estranhas quando a protagonista começa a ser a mesma pessoa diversas vezes em seus sonhos, um rapaz por volta dos trinta anos de idade, e apesar disso ser curioso para Lillian ela nunca se incomodou com essa situação, até então os sonhos apesar de serem interessantes eram tão automáticos e remotos que ela mal lembrava deles, isso até o dia em que ela aleatoriamente cruza caminho com o tal rapaz com o qual ela sonhava tanto.

Daí em diante enquanto Lillian tenta se aproximar e manter uma relação com o homem de seus sonhos, o curta passa a ter uma abordagem relativamente existencialista, em uma montagem absurda e bizarra, Rian nos coloca dentro da mente daquela personagem e nos faz imaginar tudo pelo que ela está passando, tanto no mundo real quando se põe a dormir sabendo que terá de viver outro sonho.

Para mim a grande questão na qual P.D.A. nos coloca é o quanto podemos nos desvencilhar da realidade de acordo com nossas limitações humanas, e usar de sonhos para fazer tal abordagem é genial.

Apesar de décadas de estudo existe uma grande parcela de cientistas, psicólogos e filósofos que concordam e afirmam que pouco sabemos sobre o cérebro humano, quais os níveis que ele pode ultrapassar e como podemos fazer isso ser possível, um desses grandes mistérios são os sonhos, em uma realidade que evidentemente é falsa mas ainda assim autêntica o suficiente para podermos momentaneamente vivermos aquilo, tornando as nossas capacidades ilimitadas.

No curta presenciamos uma montagem propositalmente estranha para termos a mesma imersão de Lillian, ao lado da narração sarcástica de Bettis foi feita uma escolha de trilha no mínimo estranha, como a música tradicional japonesa e as composições clássicas de filmes mudos dos anos 20, assim criando um balanço perfeito entre comédia e seriedade.

Enquanto nós somos induzidos a ver aquilo como uma brincadeira do diretor, não só devido a montagem mas a atuação "cafona" dos atores, também acabamos por levar a sério devido ao número de elementos e referências jogadas na tela de acordo com o que a narração nos diz.

No fim temos quatro elementos no curta metragem que nos coloca em uma situação de questionamento, Lillian que acredita estar sonhando os sonhos alheios, os supostos sonhos do rapaz, a narração que apesar de dizer o que está havendo em tela, não se inclui diretamente na história a ponto de confirmar se o que está acontecendo é a verdade absoluta, e nós mesmos, que tentamos decifrar esses anteriores.

O quanto dessa história é parcialmente real e o quanto é uma ilusão criada por esses três personagens e a nossa interpretação? Podemos nos apoiar em uma realidade fictícia pelo fato dela soar como real a nossa mente ou existe uma limitação ao qual devemos nos por? Isso nos faz ignorar toda a capacidade de nossas mentes?

P.D.A. é o tipo de obra experimental que me põe não só a admirar a capacidade humana, mas também temer por ela, já que nem sempre nossa mente está pronta para lidar conosco, podendo gerar um colapso mental vindo de nós mesmos, algo que também é abordado nessa história. Um filme que definitivamente mexe com qualquer um que ignore a banalidade proposital posta na primeira camada e se põe a pensar no que está a fundo dela.

The Psychology of Dream Analysis está disponível na plataforma Vimeo, postado por uma das pessoas que tem a última cópia restante em DVD, se tornando um filme de direito público.

Solid_Mateus


Mateus, amante de Cinema AlternativoFilme BExploitation, e o maioir defensor de diretores odiados pela crítica especializada. Nas horas vagas sou Otaku, mas isso é segredo.

Cargo: Escritor

Redes sociais:        

Postar um comentário

0 Comentários