A melhor coisa de SK∞ é como ele assume um total desapego da lógica e está sempre deformando elementos reais ao seu favor.
É um anime que se passa na “realidade” e que tem um tema real, que é o Skateboarding. Entretanto, a estilização muito forte e evidente o transforma em um anime de ação – quase de super-heróis com super poderes e habilidades incríveis que vão muito além da nossa realidade. É um trabalho que não tem medo de se assumir essa abordagem mais estranha.
É genial a forma como a diretora Hiroko Utsumi consegue unir muito bem todos os exageros convencionais de alguns animes como se fossem algo natural. Desde a forma como os personagens se expressam com esse tom de voz mais agitado e estridente, as cores muito chamativas do figurino, até o jeito como as corridas são encenadas com uma agilidade ultra frenética que distorce até à física das cenas.
As cenas de corrida são tecnicamente muito bem animadas, e existe um aproveitamento muito bom disso para tentar levar o espectador junto desse exagero.
Existe uma evolução gradativa até chegarmos no ultimo episódio. Ainda que o primeiro já tenha apelos que tem pretensões de exagerar a realidade do universo, ele ainda é preso a uma questão mais realista. Cada personalidade que surge durante a obra vai agregando muito nessa função de afastar o anime da realidade, isso até o próprio alcançar/transcender uma reação surrealista da cena. É um anime que não perde o espectador pôs está sempre evoluindo muito.
O melhor personagem disparado do anime (e que contribui de forma extrema para essa ideia de exagero) é o vilão Adam. Além do exagero vilanesco óbvio, a forma meio teatral como o seu interprete Takehito Koyasu verbaliza, as roupas pontudas e cores ultra chamativas, ele dá até uma aura mística meio surreal para todas as cenas que ele aparece. Parece que ele é o extremo do demasio que o anime pode alcançar.
Não posso dizer que tenha sido uma experiência 100% perfeita. Se o 6º episódio do anime não tivesse existido, não faria falta alguma. Não é um episódio ruim, mas tudo o que acontece nele não leva a história para lugar algum. O que tem é um “resquício” de um problema mais dramático que é desenvolvido no anime de forma mais sutil (e quase imperceptível numa ótima dose).
Eu falo aqui de uma relação entre o “protagonista” que em tese, deveria ser o Reki, mas que é praticamente ofuscado pelos atos do Snow (Langa). Para exemplificar melhor essa ideia, é só notarmos como durante todo o anime, o personagem do Reki (interpretado por Tasuku Hatanaka) é usado apenas para reforçar como todos os outros são incríveis, e como o Snow (interpretado por Chiaki Kobayashi) é ainda mais incrível. A inveja do Reki não surge de forma tão óbvia, mas ela pode ser sentida e entendida. Não apenas com as frustrações de cada derrota, mas também em ver um iniciante em uma pratica da qual você praticou a vida toda tomar o seu holofote.
Esse já é o meu trabalho favorito da diretora Hiroko Utsumi. Tudo o que surge de impressionante nessa estilização mais exagerada – tanto a ação quanto o drama mais sutil – funcionam de forma muito assumida e natural, e ela já se provou ser uma pessoa que não tem medo de arriscar.
Henrique Neves é fundador, administrador e escritor do site Casa dos Reviewers! Formado na faculdade de Jogos Digitais da Universidade Nove de Julho e estudante ativo (autônomo) de linguagem cinematográfica e animação.
Cargo: Administrador/Escritor
Henrique Neves é fundador, administrador e escritor do site Casa dos Reviewers! Formado na faculdade de Jogos Digitais da Universidade Nove de Julho e estudante ativo (autônomo) de linguagem cinematográfica e animação.
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