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Universo de estilização e exagero | SK∞ | Review


Sinopse: Reki, um skatista e estudante do segundo ano do ensino médio, é viciado em "S", uma perigosa corrida de skate downhill altamente secreta, que acontece em uma mina abandonada. Os skatistas são especialmente selvagens nos "beefs" ou batalhas acaloradas que eclodem nas corridas. Reki leva Langa, um estudante transferido que retorna ao Japão após estudar no exterior, para a mina onde as corridas são realizadas. Langa, que não tem experiência no skate, é puxado para o mundo do "S"...

Direção: Hiroko Utsumi

Studio: Bones

Quantidade de episódios: 12

Temporada: Inverno 2021

A melhor coisa de SK∞ é como ele assume um total desapego da lógica e está sempre deformando elementos reais ao seu favor.

É um anime que se passa na “realidade” e que tem um tema real, que é o Skateboarding. Entretanto, a estilização muito forte e evidente o transforma em um anime de ação – quase de super-heróis com super poderes e habilidades incríveis que vão muito além da nossa realidade. É um trabalho que não tem medo de se assumir essa abordagem mais estranha.

É genial a forma como a diretora Hiroko Utsumi consegue unir muito bem todos os exageros convencionais de alguns animes como se fossem algo natural. Desde a forma como os personagens se expressam com esse tom de voz mais agitado e estridente, as cores muito chamativas do figurino, até o jeito como as corridas são encenadas com uma agilidade ultra frenética que distorce até à física das cenas.


As cenas de corrida são tecnicamente muito bem animadas, e existe um aproveitamento muito bom disso para tentar levar o espectador junto desse exagero.


Existe uma evolução gradativa até chegarmos no ultimo episódio. Ainda que o primeiro já tenha apelos que tem pretensões de exagerar a realidade do universo, ele ainda é preso a uma questão mais realista. Cada personalidade que surge durante a obra vai agregando muito nessa função de afastar o anime da realidade, isso até o próprio alcançar/transcender uma reação surrealista da cena. É um anime que não perde o espectador pôs está sempre evoluindo muito.


O melhor personagem disparado do anime (e que contribui de forma extrema para essa ideia de exagero) é o vilão Adam. Além do exagero vilanesco óbvio, a forma meio teatral como o seu interprete Takehito Koyasu verbaliza, as roupas pontudas e cores ultra chamativas, ele dá até uma aura mística meio surreal para todas as cenas que ele aparece. Parece que ele é o extremo do demasio que o anime pode alcançar.




Não posso dizer que tenha sido uma experiência 100% perfeita. Se o 6º episódio do anime não tivesse existido, não faria falta alguma. Não é um episódio ruim, mas tudo o que acontece nele não leva a história para lugar algum. O que tem é um “resquício” de um problema mais dramático que é desenvolvido no anime de forma mais sutil (e quase imperceptível numa ótima dose).

Eu falo aqui de uma relação entre o “protagonista” que em tese, deveria ser o Reki, mas que é praticamente ofuscado pelos atos do Snow (Langa). Para exemplificar melhor essa ideia, é só notarmos como durante todo o anime, o personagem do Reki (interpretado por Tasuku Hatanaka) é usado apenas para reforçar como todos os outros são incríveis, e como o Snow (interpretado por Chiaki Kobayashi) é ainda mais incrível. A inveja do Reki não surge de forma tão óbvia, mas ela pode ser sentida e entendida. Não apenas com as frustrações de cada derrota, mas também em ver um iniciante em uma pratica da qual você praticou a vida toda tomar o seu holofote.


Esse já é o meu trabalho favorito da diretora Hiroko Utsumi. Tudo o que surge de impressionante nessa estilização mais exagerada – tanto a ação quanto o drama mais sutil – funcionam de forma muito assumida e natural, e ela já se provou ser uma pessoa que não tem medo de arriscar.




Henrique Neves é fundador, administrador e escritor do site Casa dos ReviewersFormado na faculdade de Jogos Digitais da Universidade Nove de Julho e estudante ativo (autônomo) de linguagem cinematográfica e animação.

Cargo: Administrador/Escritor

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