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Um debate social de perspectivas | Shingeki no Kyojin: The Final Season | Review

Sinopse: Gabi Braun e Falco Grice treinaram suas vidas inteiras para herdar um dos sete titãs sob o controle de Marley e ajudar sua nação a erradicar os Eldians em Paradis. No entanto, assim como tudo parece bem para os dois cadetes, sua paz é repentinamente abalada pela chegada de Eren Yeager e dos membros restantes do Corpo de Pesquisa. Tendo finalmente alcançado o porão da família Yeager e aprendido sobre a história sombria em torno dos titãs, o Survey Corps finalmente encontrou a resposta que eles lutaram desesperadamente para descobrir. Com a verdade agora em suas mãos, o grupo partiu para o mundo além das paredes.
 
Diretor: Yuuichirou Hayashi

Studio: MAPPA

Quantidade de episódios: 16

Temporada: Winter 2021

A principal mudança entre as temporadas anteriores e essa 4° temporada (além do estúdio ter mudado, claro) é esse olhar de causa e consequência dos efeitos de uma guerra. Claro, nas temporadas anteriores também existia tal discussão, mas não é para onde o anime guiava seus eventos. A direção do Tetsurou Akira não estava tão interessada em debater nenhum assusto. Yuuichirou Hayashi por outro lado transforma todos os eventos do anime numa alegoria (quase perfeita). 


O personagem do Eren me fez questionar em todos os momentos as suas ações e reais intenções. A opção de ainda nos primeiros episódios mostrar que em Marley também existem humanos como em Paradis ajuda ainda mais a reforçar essa sensação de uma não impunidade as ações do personagem. O anime foi brilhante em algumas cenas no ataque a Marley mostrar explicitamente pessoas inocentes sendo mortas no meio de um confronto. Até a forma como ele é enquadrado também mudou. Ele ganhou esse clima mais ameaçador, quase sempre coberto por uma sombra, como se ele sempre estivesse escondendo ou reprimindo algo. 





A personagem da Gabi me fez ter esse mesmo sentimento de questionamento do Eren, só que no caso dela mais como uma nova vítima. A personagem cresceu, treinou e foi ensinada nesse contexto e cenário a acreditar que seus inimigos eram literalmente demônios sem coração. Se pararmos para pensar, os dois personagens são vítimas dessa situação. É obvio que no caso do Eren, nós acompanhamos de forma ainda mais pessoal (em relação a primeira temporada) então é normal se apegar um pouco mais para o lado dele. Os atos e reações dos dois mediantes a isso também são extremos, por isso eu digo que consigo sentir pena e repudio por ambos os dois (em relação a suas ações). 

É igualmente visível que os personagens a sua volta também sofrem as consequências pelos seus atos. A Sasha e outros soldados de Paradis morreram por culpa do ataque do Eren. E o Falco então coitado. Todos as escolhas tomadas pela Gabi praticamente recaíram sobre ele. 






Mas muita coisa me incomodou nessa temporada final de SNK, começando com o anime não tem uma ideia de direção bem definida. Culpa disso pode ter sido o problema de tempo enfrentado pelo novo estúdio. Quando eu falo desse problema, não estou falando da animação (que convenhamos, foi abaixo se comparado as temporadas anteriores, mas que para mim pouco importa). O diretor assumiu uma postura mais séria, mas parece não ter se desapegado de algumas coisas de temporadas anteriores, ou não teve um olhar muito sensível para definir como adaptaria a obra. 


Começando por esse “Eren Vilão”. Onde nas cenas de ação, o personagem ainda me parecia um herói quando não deveria ser. Tudo bem que o anime mostra a consequência dos seus atos com os inocentes a sua volta, mas enquanto o personagem está agindo, o anime ainda dinamiza muito tais ações. Parece até que o anime mostra um certo apreço pela violência do personagem, o que acaba indo contra essa moral que o anime quer mostrar. A cena final do episódio 14 onde o comandante Pixes é espancado pelos soldados demostra uma repulsa e contestação pelos atos, diferente de quando o Eren espanca o Armin. Com aqueles movimentos de câmera que seguem a dinâmica do personagem dando os socos, como se anime nos colocasse naquela ação de forma prazerosa. 



O anime pode ter ganhado esse tom mais sério com objetivo de debater um tema especifico, mas os personagens não perderam aquela característica mais hilariante de outras temporadas. Talvez pela direção do T. Akira que tinha aquele lado mais dinâmico e descontraído funcionasse. Existia um efeito de quebra entre a violência e a comédia, mas aqui não funciona. A direção do Y. Hayashia conflitua esse lado mais sério que quer discutir alguma coisa com essas piadas que surgem do nada sem nenhuma sensibilidade. A morte da Sasha que eu citei anteriormente não teve peso algum em mim. 

O subtexto do anime também é outro problema. Se eu vou elogiar por um lado o anime conseguir através dos eventos dividir o espectador sobre essa analogia a guerra, por outro os diálogos expositivos e desnecessários desvalorizam muito essa estrutura. O conversa entre Gabi e Kaya sobre uma possível “herança histórica” dos eventos da guerra deu até vergonha de tão obvio e expositivo que foi. Se o anime está nos mostrando tal situação através da narrativa, ele não precisa reforçar mais nos dizendo. Para resumir, o anime subestima a capacidade interpretativa e a relação do espectador com o tema implícito. 


Concluindo minha crítica, não acho que essa temporada tenha sido a melhor de SNK, mas também não foi a pior. Até tentou construir uma ambiguidade na sua narrativa principal, mas tomou algumas escolhas que acabaram indo contra a própria moral da sua discussão.




Henrique Neves é fundador, administrador e escritor do site Casa dos ReviewersFormado na faculdade de Jogos Digitais da Universidade Nove de Julho e estudante ativo (autônomo) de linguagem cinematográfica e animação.

Cargo: Administrador/Escritor

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