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Mind Game bastante formalista | Munou na Nana | Review

Sinopse: O ano é 20XX. A Terra foi atacada por monstros conhecidos como “Inimigos da Humanidade”. Para lidar com essa ameaça, escolas especiais compostas de adolescentes com habilidades extraordinárias foram criadas. Esses adolescentes, que vieram a ser chamados de “Talentosos”, possuem habilidades que desafiam as leis da realidade. Entre esses indivíduos super-poderosos, estava um forasteiro, alguém que foi enviado para uma dessas escolas apesar de não possuir nenhuma habilidade especial nem nada. Esse é a história de nosso protagonista, que pretende derrotas os Inimigos da Humanidade com o uso de inteligência e manipulação.

Diretor: Shinji Ishihira

Studio: Bridge

Quantidade de episódios: 13

Temporada: Outono 2020

Eu acho muito interessante como algumas informações do primeiro episódio parecem não possuir um valor muito importante ou importante de certo modo, pois o anime acabou de começar, e ele vai subvertendo o sentido dessas informações durante o anime. No primeiro episódio, o anime aparenta ser a mesma obra genérica escolar de sempre. O design dos personagens, o “protagonista” inicial, a forma como eles se expressa, os cenários etc. Somos guiados nessa lógica de um anime mais comum e pouco inovador até o final do episódio quando o anime inverte essa lógica. A personagem da Nana Hiiragi  mata o primeiro de suas vítimas (Nanao Nakajima), que até o então momento seria o protagonista que guiaria a história, e a partir deste momento, a personagem toma esse papel. 

É uma virada que pode soar meio forçada de certa forma, são poucos os animes que conseguem fazer esse tipo de coisa e soar natural, mas o anime (em sua forma) deixa claro que algo não está correto durante o andamento do próprio primeiro episódio, e este será o Sistema Artístico que irá definir a forma como tudo será encenado em grande parte da obra. 


O anime faz o uso de planos gerais onde normalmente, existe algum elemento mais próximo do espectador e outro elemento mais longe. Normalmente, o que se mantem longe do espectador no plano tem algum valor muito forte para a trama, seja isso alguma personalidade contida, sentimento, informação etc. Isso funciona muito bem para mim, pôs parece que nós nunca estamos próximos da informação, o anime sempre parece manter alguns detalhes longe do espectador, ou, o que está longe possui mais importância do que aquilo que vemos perto.





O anime também faz bom uso de alguns Dutch Angle (Ângulo Holandês) que passam uma sensação de instabilidade, como se alguma coisa não estivesse certa. Quanto mais distorcido é este ângulo, mais instabilidade ele passa na cena. Tem alguns momentos em que ele transita entre um ângulo instável para esse Dutch Angle, que reforça ainda mais os momentos.





Eu acho que na maior parte do anime, o diretor Shinji Ishihira conseguiu equilibrar muito bem o sentido da trama na forma em como ele encena tudo. Pelo menos, na maior parte do tempo eu consegui me sentir dentro dessa ideia de nunca conseguir saber o que realmente está acontecendo. 

Uma coisa que me incomodou um pouco durante a minha experiência, foi como em alguns momentos o anime exagera com voz off em nus manter conectados com o lado mais sádico da personagem da Nana. Quando a personagem entra no modo “Mind Game” e vai formulando estratégias e fornecendo informação não tem problema, mas o anime exagera em querer expor demais esse lado da personagem, o que ao meu ver poderia ter sido mais contido. Se nós não nos lembrássemos tanto que a personagem é na verdade uma assassina, nos conectaríamos mais a essa ideia, por que tudo pareceria mais natural se não tivessem essas quebras constantes.


Eu também não curti tanto o lado mais melodramático do final. Eu não acho que tenha vindo de forma tão forçada, até por que o anime tenta sim desenvolver esse lado mais humano da personagem principal alguns episódios antes de terminar a obra, mas ainda assim não é desenvolvido de forma tão cirúrgica. O anime até consegue criar um ótimo relacionamento entre as personagens da Nana e Michiru Inukai, e diferente do olhar mais enigmático do diretor em esconder informações e sentimentos, aqui ele é mais sóbrio mesmo, ele equilibra muito bem o que está em cena. Como se nesses momentos ele não tivesse o que realmente ocultar do público.




 

O objetivo foi tentar confrontar essa ideia da personagem em relação a esses indivíduos que possuem poderes com um lado mais humano. Talvez a personagem da Inukai tenha realmente sido criada para este propósito. Mas, o grande motivo pelo qual eu sinto que essa dramatização não foi tão perfeita, é que o nosso olhar nunca está interessado em querer dramatizar nada. Como eu disse durante boa parte dessa crítica, as escolhas do diretor guiam os nossos sentidos para outros sentimentos, sentimentos esses mais ardeis, ambíguos e até tensos. Eu não acho que tenha sido um final horrível, mas ele não conseguiu assimilar com perfeição esses dois sistemas.


Concluindo. Eu amei Manou na Nana. Tenho que admitir que como em outros animes, eu já entrei com o pé meio atrás pelo design, pela história e tudo mais, mas as reviravoltas bem articuladas tanto na história e mais ainda pela forma como foi muito bem dirigido e encenado por Shinji Ishihira ajudaram a dar um sentido a todas essas escolhas.




Henrique Neves é fundador, administrador e escritor do site Casa dos ReviewersFormado na faculdade de Jogos Digitais da Universidade Nove de Julho e estudante ativo (autônomo) de linguagem cinematográfica e animação.

Cargo: Administrador/Escritor

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