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Uma experiência estética arruinada pela verborragia | Adachi to Shimamura | Review


Sinopse: Adachi e Shimamura são amigas inseparáveis que passam seus dias conversando sobre os mais diferentes tipos de coisas. Entretanto, Adachi começa a ver Shimamura com outros olhos e, aos poucos, a relação de amizade entre as duas começa a se tornar algo bem mais complicado de lidar.


Diretor: Satoshi Kuwahara

Studio: Tezuka Productions

Quantidade de episódios: 12

Temporada: Outono 2020

É bem perceptível como Adachi to Shimamura tenta se expressar com uma abordagem mais sensorial de forma bem intima. Todo o bom nível de produção do anime (claro, junto com Sistema Artístico pensado pelo diretor) é empenhado em causar sensações que tenham relações com os elementos da trama, mas que infelizmente, não progride como era esperado.


O primeiro episódio pelo menos evidencia isso muito bem, tem muitos elementos orgânicos que vão guiando nosso olhar enquanto vamos conhecendo um pouco da história e das personagens. Querendo ou não, as personagens agem de forma que deixam pistas de como elas se sentem com essa relação, mas que nunca se abrem de cara uma para a outra, é uma relação meio misteriosa. E o anime tenta explorar um lado sensorial disso. 

O anime também faz bastantes planos detalhes muito expressivos. As vezes de pequenos gestos ou de experimentações. Existe um empenho para nos mostrar pequenos detalhes e ações que causem um efeito, que tenham um impacto pelo visual de forma intima como tais personagens se encaram, conversam, brincam etc.




Com o passar dos episódios, o anime vai seguindo essa mesma abordagem até o final, o que não seria um problema, pôs acompanhando o andamento da trama (que vai ficando mais complexa, desoladora e sutil) o anime em teoria deveria melhorar, mas o que acontece é justamente o oposto. O grande problema que atrapalhe todo esse sistema do diretor, é uma verborragia desnecessária. 

As personagens falam muito expositivamente como estão se sentindo em relação a esses sentimentos, e isso causa um conflito criativo na obra. Pôs vejamos. Enquanto o interesse estético da obra é nos passar tais sensações e sentimentos através de uma abordagem mais orgânica e sensorial, tudo isso perde o sentido pôs a obra nos diz como elas se sentem. Tem uma cena que é tão auto explicativa que a personagem até explica a analogia no meio dela. Quase todo o valor mais experimental é jogado fora, e o anime é quase que só isso. 



Tem uma outra cena de valor ainda mais significativo que também perde muito seu sentido por culpa dessa verborragia. Nós sabemos que para a personagem da Sakura Adachi, andar de mãos dadas tem um valor muito forte (ou pelo menos deveria ter). Mais para frente no anime, quando a amiga de infância da Hougetsu Shimamura pega na mão dela, existe um detalhamento muito evidente nessa ação. Esse ato de andar de mãos dadas deveria ter um valor fortíssimo, mas que também é desperdiçado.




Outra escolha que não fez nenhum sentido, e essa talvez tenha sido por puro formalismo mesmo, são as transições entre 16:9 para Cinemascope. Cinemascope é essa uma proporção de tela mais fechada na vertical. Eu até poderia pensar que isso é uma representação das personagens estando submissas de algum modo, mas o anime só usa de forma aleatória mesmo.



Resumindo, Adachi to Shimamura é uma obra que tenta lidar com uma trama conflitante de forma bastante expressiva e inovadora, mas que impede o espectador de sentir tais emoções por divergências na forma como é encenado.




Henrique Neves é fundador, administrador e escritor do site Casa dos ReviewersFormado na faculdade de Jogos Digitais da Universidade Nove de Julho e estudante ativo (autônomo) de linguagem cinematográfica e animação.

Cargo: Administrador/Escritor

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